Apropriar-se de porções de realidade, de momentos do cotidiano e estabelecer novos territórios para o olhar. Investigar espaços urbanos e recriar o imaginário. A cidade é uma paisagem feita de aço e espaço; concreto, ruas e incertezas. De quarteirões e regiões demarcadas por tramas e geometrias preestabelecidas. Olhar para uma imagem conhecida requer um afastamento completo do objeto, tal como gravado na memória, e fazer dele sujeito transformador. O gesto aqui brinca com o casual e propõe um ilusionismo ótico que duplica, triplica, replica a cena até o ponto em que se faz irreconhecível: já não são mais meros prédios, avenidas e indivíduos. Rompe-se com o trivial e novas portas para a percepção se abrem.

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A técnica é fotográfica. O olhar é pictórico. E vem lá da pintura o rigor compositivo, o registro da luz e a textura, funcionando como uma espécie de escrita. A cena é fragmentada, descontínua e materializa o efêmero, o anônimo e o perecível. Não é espaço de ilusão o espaço plano que subverte o sistema perspectivo e reordena as aparências. É espaço de inscrição, de recorte e de linguagem, de transformação. O objeto, quando existe, fragmenta-se enquanto multiplica-se, re-transformado no próprio espaço que o circunda. O artista é o que tudo observa, absorve e expressa. O de quem vê, no instante, o todo. E para quem o momento significa a possibilidade de uma arte em forma de ritmo, cor e espaço.

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A Trama do Olhar.
Arte digital sobre papel. Em exposição no Torriton Beauty&Hair.
Alameda Presidente Taunay, 321 esquina com Av Vicente Machado – Batel, Curitiba.
De segunda-feira a sábado, das 9 às 20 horas.

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