Apropriar-se de porções de realidade, de momentos do cotidiano e estabelecer novos territórios para o olhar. Investigar espaços urbanos e recriar o imaginário. A cidade é uma paisagem feita de aço e espaço; concreto, ruas e incertezas. De quarteirões e regiões demarcadas por tramas e geometrias preestabelecidas. Olhar para uma imagem conhecida requer um afastamento completo do objeto, tal como gravado na memória, e fazer dele sujeito transformador. O gesto aqui brinca com o casual e propõe um ilusionismo ótico que duplica, triplica, replica a cena até o ponto em que se faz irreconhecível: já não são mais meros prédios, avenidas e indivíduos. Rompe-se com o trivial e novas portas para a percepção se abrem.

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A técnica é fotográfica. O olhar é pictórico. E vem lá da pintura o rigor compositivo, o registro da luz e a textura, funcionando como uma espécie de escrita. A cena é fragmentada, descontínua e materializa o efêmero, o anônimo e o perecível. Não é espaço de ilusão o espaço plano que subverte o sistema perspectivo e reordena as aparências. É espaço de inscrição, de recorte e de linguagem, de transformação. O objeto, quando existe, fragmenta-se enquanto multiplica-se, re-transformado no próprio espaço que o circunda. O artista é o que tudo observa, absorve e expressa. O de quem vê, no instante, o todo. E para quem o momento significa a possibilidade de uma arte em forma de ritmo, cor e espaço.

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A Trama do Olhar.
Arte digital sobre papel. Em exposição no Torriton Beauty&Hair.
Alameda Presidente Taunay, 321 esquina com Av Vicente Machado – Batel, Curitiba.
De segunda-feira a sábado, das 9 às 20 horas.

a trama do olhar

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A Trama do Olhar. Arte digital sobre papel. Em exposição no bistrô café do Torriton Beauty & Hair. Alameda Presidente Taunay, 321, esquina com a Av. Vicente Machado, Batel. Aberto à visitação de segunda a sábado, das 9 às 20 horas. O Torrinton é uma rede de salões de beleza que une vanguarda e elegância na área de beleza e bem-estar. Além disso, promove um intercâmbio de conceitos de modernidade, trazendo a arte para dentro de seus ambientes profissionais.

painel

lógica do caos

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Para interpretar e ou definir uma cidade, guiar-se por uma geografia, clima, urbanismo e arquitetura talvez seja insuficiente. Uma trama muito mais complexa e repleta de contradições se opera no espaço urbano, como que feita para desorientar nosso entendimento. Há toda uma superfície racional e objetiva ser transposta, uma qualidade cenográfica que ofusca a percepção das disparidades urbanas. O constante ir e vir, o construir e destruir — ironicamente — é um modo de se manter tudo como está. Aquilo que se apresenta como uma ordem estável é constituído, na verdade, de elementos desagregadores, cujo caráter arbitrário se torna um dado inexorável da contemporaneidade. Isto é, a razão de ser da cidade é a transformação infinita: como um moto-perpétuo, as incontáveis mudanças abalam toda e qualquer tentativa de humanizar a existência. (…)

o poeta vê a cidade

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Antes da adoção de modos mais complexos para interpretar ou definir a cidade, investimo-nos imediatamente – como se guiados por um vício do corpo e do olhar – de um saber que mistura vagamente impressões tomadas à geografia, ao urbanismo, à arquitetura.

Embora uma trama muito mais complexa se realize sob o signo cidade, é a sua cenografia que inaugura nosso entendimento. A materialidade do urbano é avassaladora. E, ainda que essa materialidade apareça sob formas mais ou menos consistente em entidades de substância subjetiva, como o inconsciente, é mesmo sua qualidade cenográfica, de entorno, superfície, que imagino poder vislumbrar em alguns poemas de Drummond. (…)

http://eucanaaferraz.com.br/sec_textos_view.php?id=10

Cenário Urbano arte digital sobre papel
Em exposicão no Torriton Beauty&Hair
Alameda Pres. Taunay, 321 – Batel, Curitiba

edifício esplendor

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Na areia da praia
Oscar risca o projeto.
Salta o edifício
da areia da praia.

No cimento, nem traço
da pena dos homens.
As famílias se fecham
em células estanques.

O elevador sem ternura
expele, absorve
um ranger monótono
substância humana.

Entretanto há muito
se acabaram os homens.
Ficaram apenas
tristes moradores.

(Carlos Drummond De Andrade, Edifício esplendor – José e os Outros)

memória: presença da ausência

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(…) Os espaços que o homem convive e suas relações promíscuas. Uma cidade que transpira por identidade, refletindo em cada rosto as salgadas incertezas. Espaço onde
a memória fica guardada em concreto, esquecido pelo tempo dos alicerces até que haja uma nova construção do momento. (…)

                                                                                                                   Marcelo Marzolo Leite

: : Memória arte digital sobre papel 70×90 cm

percepção e perspectivas

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(…) A cidade é um reflexo deste homem em (in)formação. O computador, a internet, os pixels, os códigos colocados para alimentar nossas escolhas. Todos postos à coordenação da vontade criadora e destruidora de um mundo como é, de ruas, quadras e cidades. Cada casa ou cada ser, habitando a si, mas aberto para o mundo, como portas e janelas sem cadeados ou grades. (…)

Marcelo Marzola Leite

: : Passagem Arte digital sobre papel 70×90 cm

mundo em desconstrução

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Imagens num olhar da urbe. A percepção influenciada pela perspectiva de um mundo em desconstrução. Imagens recolocadas em circulação, por meio de vídeos e impressões, também transpostas para a rua, espaço de embate entre olhar/ autor/ obra. Um processo de realimentação na obra de Marcelo De Angelis.
Os espaços que o homem convive e suas relações promíscuas. Uma cidade que transpira por identidade, refletindo em cada rosto as salgadas incertezas. Espaço onde a memória fica guardada em concreto, esquecido pelo tempo dos alicerces até que haja uma nova construção do momento.

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Publicado por Marcelo Leite em 09/07/2012 – 15:45